quarta-feira, 24 de março de 2010

Projeto irá preservar e divulgar a história da Estação Ferroviária


No próximo sábado, 27, começam as atividades do projeto Ferrovia Oeste de Minas – Memória e História. Na ocasião, serão contadas algumas histórias da Estrada Ferro Oeste de Minas (EFOM), que tem 128 anos e é a única no mundo com bitola de 76 centímetros. O objetivo é reconstruir a história da EFOM, desde sua implementação em 1881, até 1989, final de sua exploração comercial; divulgar a ferrovia e reconhecer o trabalho e a cultura dos ex-ferroviários.


José Roberto Câmara Vitral, coordenador do projeto, afirma que isso será feito por meio de depoimentos das pessoas que trabalharam na ferrovia, resultando, posteriormente, em um documentário educativo. As atividades, que durarão o ano todo, serão abertas, gratuitamente, à população.


“Já temos contato com vários ferroviários que guardam fotografias, documentos e objetos. Reuniremos informações como: experiência de vida, trabalhos acadêmicos de historiadores e uma parte de casos. A intenção é montar um documentário com esse material, que deverá ficar pronto em maio. Então, divulgaremos o filme nos meios de comunicação e em concursos. Ao fim do ano, pretendemos apresentar todo o material colhido, à população, em dois seminários e distribuir o vídeo em escolas e locadoras, para que mais de 50% da população tome conhecimento”, adiantou José Roberto.


Instruir a comunidade

As atividades e palestras mensais pretendem “trazer o povo para dentro do Complexo Ferroviário”. Os organizadores querem mostrar, à comunidade e aos turistas, a história e influência que o Complexo Ferroviário exerceu sobre a sociedade são-joanense, bem como relembrar o habitus dos ferroviários. “Vão ser discutidos temas, apresentaremos filmes, as pessoas se encontrarão. Muitos ferroviários não se veem há muitos anos e devem levar os filhos e netos para conhecer aquele ambiente em que seus avôs e avós conviveram”, contou o coordenador.

Outras atividades

Haverá, também, um concurso de fotografias acerca da ferrovia, que será aberto em março e terminará em dezembro. “Queremos fazer uma exposição das fotos tiradas no concurso, junto com as fotos antigas, que os ferroviários guardam.

Em dezembro, faremos o seminário de encerramento, em provavelmente três ou quatro dias. Chamaremos pessoas de outras cidades, também ligadas à ferrovia, para promover o intercâmbio de informações. Fiz contato com Divinópolis, importante centro ferroviário, e lá há muitos ex-ferroviários, a maior parte mecânicos, que se interessaram em participar”, informou.


Ferroviários e EFOM

Segundo Bruno Nascimento Campos, historiador e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico (IHG), os ferroviários tinham uma cultura de trabalho própria. Eles “adotavam” suas marias-fumaças, estabelecendo, com elas, uma relação quase humana. “A cultura dos ferroviários está muito presente na cidade, desde o final do século XIX até a década de 1980 e está sendo enterrada com eles. Hoje, a gente pensa que as locomotivas são monumentos ambulantes; os ferroviários não, eles tinham uma relação de afeto com elas. Cada maquinista era ‘dono’ de uma locomotiva durante toda a vida profissional. Eles enfeitavam suas locomotivas como queriam e ninguém podia botar a mão, competiam para ver quem mantinha a locomotiva em melhores condições, mais bonita e funcional”, relatou o historiador.

O historiador Wélber Santos fez sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com o seguinte tema: “A Estrada de Ferro Oeste de Minas (1877-1898)”. De acordo com o historiador, que teve familiares que trabalharam na EFOM, a ferrovia surgiu para transportar a produção agro-pastoril do oeste mineiro, para abastecer o mercado do Rio de Janeiro. A estrada ia de Sítio, perto de Barbacena ao Alto do Paraopeba. “A Oeste de Minas é uma ferrovia de concessão provincial, isto é, todo o subsídio foi pago pelo governo. Mas ela não conseguiu dar lucros, por causa da concorrência regional e o governo teve que manter a Oeste. Por isso, ela faliu em 20 anos”, contou Wélber Santos.

Apesar disso, o historiador afirma que a importância da ferrovia foi muito grande, em razão do impacto cultural que ela exerceu sobre a sociedade são-joanense. “A partir do momento em que há o transporte ferroviário, alguns produtos - não tão vistos nas salas das famílias mineiras - como o piano, começam a aparecer, pois têm a chegada facilitada”, afirmou Wélber Santos.


Raridade

O trecho de 12 quilômetros, entre São João del-Rei e Tiradentes, é o único no mundo que possui a bitola de 76 centímetros, distância entre os trilhos da via férrea. Isso porque a população se mobilizou para que o mesmo fosse preservado com fins culturais e turísticos. As locomotivas que vemos hoje pela cidade são as mesmas que rodavam quando da fundação da Oeste de Minas, em 1881. O complexo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1989, como patrimônio nacional.


"Reportagem que fiz um mês atrás, foi para a gaveta e, quando saiu no jornal, virou uma notícia. Essa postagem contém a parte que não saiu na Folha e deve estar presente na próxima edição. Teoricamente, a reportagem é um perfil histórico da EFOM. Eu poderia ter dado uma cara mais leve, com uma roupagem narrativa, descritiva, o que não fiz por causa do espaço. Os detalhes históricos também poderiam ser bem maiores, fiz entrevistas de meia hora com cada historiador, o conteúdo foi bem interessante, mas, transcrito, optei por fazer duas páginas e meia, apenas. O que foi reduzido para uma..."

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