segunda-feira, 19 de abril de 2010

Movimentos buscam articulação


Homofobia, racismo, machismo e desvalorização cultural. Essas foram algumas temáticas de violência social debatidas, no dia 10 de abril, durante o encontro São João del-Rei Contra a Opressão. Realizado no salão do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindi-Metal), o debate reuniu os movimentos sociais e culturais da cidade em prol da luta pelos direitos humanos. Outra reunião ficou agendada para meados de maio.


Racismo

Segundo o professor Cláudio Márcio do Carmo, do Departamento de Letras, Artes e Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o racismo se manifesta em São João del-Rei sob a forma de segregação racial, na medida em que o negro é perseguido e marginalizado. “A população mais pobre dessa cidade é negra. Essa raça é subalternizada e marginalizada. Todos sabemos da dificuldade de um jovem negro se inserir no mercado de trabalho. Se não trabalha, como que o negro pode crescer socialmente? E se ganha menos, já está sendo discriminado”, argumentou.

De acordo com Vicentina Neves Teixeira, coordenadora do Grupo de Inculturação de Afro-descendentes Raízes da Terra, o negro é excluído da cidadania e precisa reconhecer sua cultura. “Preto não tem vez, preto não tem voz. Alguns têm dificuldade em dizer que são negros. A cidadania não deveria ter cor, poder aquisitivo, bairro e curso superior. Os negros têm que correr da polícia. Somos suspeitos em qualquer lugar”, falou dona Vicentina.


Machismo

A vereadora Vera Lúcia Gomes de Almeida, a Vera do Polivalente (PT), palestrou sobre o machismo, expondo como esse tipo de preconceito atua de forma velada, subjugando a mulher de várias maneiras. “O machismo impera. A gente vê a mulher trabalhando em dupla, às vezes tripla jornada de trabalho. As mulheres têm salário diferenciado, ganhando menos que o homem”, lembrou a vereadora.


Homofobia

Carlos Bem, coordenador do Movimento Gay da Região das Vertentes (MGRV), relatou que, em São João, há homofobia como em todos os outros municípios. Ele afirma que o Movimento registra muitos casos de discriminação e que vários outros acontecem veladamente. “Hoje, é muito difícil um homossexual conseguir emprego. Nessa cidade, o Executivo não está preocupado com as minorias, não há projetos. Eles nos abandonaram. Temos muita dificuldade de diálogo com as Secretarias, exceto com a de Saúde”, destacou Carlos Bem.


Propostas

Ao final do encontro, alguns esboços de propostas começaram a ser debatidos. Foram citados itens como: necessidade de um espaço de funcionamento para os movimentos; ativação do Conselho Municipal de Direitos Humanos; criação de um calendário único de manifestações e atividades. “Precisamos nos unir para encaminhar propostas sólidas e fazer pressão no Executivo”, argumentou Carlos Bem.


"Gosto desse tipo de cobertura por dois motivos: o assunto é interessante e gosto de saber como está sendo feita a mobilização na cidade. Na ocasião, os movimentos aproveitaram o tempo para se conhecer e buscar articular suas ações. Não foi feita nenhuma grande explanação sobre as causas dos problemas ou seu caráter arraigado na sociedade. Acho de suma importância que os líderes de cada movimento tenham consciência disso. Foi marcada outra Assembleia, na qual eu espero que o tempo seja melhor aproveitado, uma vez que, até agora, só foi feito o conhecimento entre os grupos. Pontos importantes, mas pouco discutidos foram a negligência do poder público para com as minorias, a não capacitaçao de professores e policiais para dar, a todos, o tratamento que a Constituição assegura. Agora, e acompanhar os debates de perto para ver até onde os movimentos poderão se fortalecer e criar uma frente ampla de pressão ao Executivo."

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