quarta-feira, 22 de junho de 2011

Debate analisa o livro Por Uma Vida Melhor


Marcelo Alves e Vinicius Tobias

Desmistificar as análises descontextualizadas feitas por órgãos da imprensa sobre o livro didático, Por uma vida melhor, de Heloísa Ramos. Essa foi a finalidade do debate promovido pelo projeto 5ª Cultural, Por uma língua melhor?,que aconteceu hoje, 20 de junho, no Anfiteatro do campus Dom Bosco da UFSJ.

O professor do curso de Letras da UFSJ, José Antônio Oliveira de Resende, argumenta que Por uma vida melhor faz menção a uma variedade linguística. “Ele não ensina a falar errado. Defende a norma culta, mas ressalta que existem outras maneiras de falar, adequadas em certos meios”, diz.

O aluno do 7° período de Letras, Helthon Resende de Andrade, que também participou da mesa-redonda, afirma que as críticas foram levianas e sem embasamento. “Analisaram apenas o primeiro capítulo, com informações incoerentes e imprecisas”, critica.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Luta, abandono e perseverança


Um retrato das manifestações culturais afro-descendentes em São João del-Rei
Marcelo Alves

A Linguagem dos sinos, a Maria Fumaça com bitola de 32 milímetros, a única em funcionamento no mundo, as orquestras mais antigas do Brasil, as imponentes igrejas barrocas, a arquitetura variada. Esses elementos são parte das tradições de São João del-Rei. Parte. Ou, pelo menos, o que é comentado, divulgado, patrocinado e preservado. Do alto dos montes, da periferia e dos recantos da cidade ecoam, ainda, os batuques dos negros de descendentes de escravos e as rezas de Candomblé e Umbanda.
Abandonados pelo poder público, os movimentos como Congado, Candomblé e grupos de inculturação vão tentando sobreviver. Na luta do dia-a-dia, a memória e a identidade negras são preservadas por pequenos círculos de amigos que investem dinheiro do próprio bolso em vestimentas, em instrumentos, em consertos, em oficinas e em despesas com a sede.

Raízes
De acordo com o folclorista, Ulisses Passarelli, a cultura negra está presente em São João desde suas origens. O Arraial das Mortes foi formado no ciclo do ouro. A economia era movimentada pela mineração e os garimpos, explorados com a força braçal dos escravos africanos. “Em 1704, foram descobertas as minas e, em 1705, começou a extração”, conta o folclorista. Por algum tempo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário centralizou as tradições africanas. “Em torno dela é que os negros faziam suas comemorações”, diz Passarelli.
Há poucos estudos sobre o desenvolvimento das manifestações afro na cidade. Sobraram apenas as memórias dos movimentos mais antigos e ensinamentos orais transmitidos de pai para filho. É o que conta o presidente da Associação de Congado Santa Ifigênia, Nivaldo Neves, do Bairro São Geraldo. Ele afirma que, na década de 40, existiam grupos de Congado no bairro do Tijuco e na região de Santa Cruz de Minas.
“Teve uma época que se dançou no Centro, na Igreja do Rosário. Mas isso foi se perdendo por falta de incentivo e adeptos”, comenta Neves. Nivaldo garante que o Grupo de Congado Nossa Senhora do Rosário, do Rio das Mortes, tem mais de 200 anos, passando as atividades de pai para filho.

Reconhecimento (ou falta de)
“O Congado é a maior expressão da cultura afro na região”, informa Ulisses Passarelli. Os líderes dos grupos são categóricos ao falar sobre subvenção municipal. “Para perpetuar a tradição, precisamos de incentivos. Mas como não há uma política voltada para isso. Aí, o jovem fica perdido ou, senão, participa e desanima”, argumenta o presidente da Associação de Congado do São Geraldo.
Nesse sentido, o secretário de Cultura e Turismo, Ralph Araújo Justino, reconhece que o poder público está em débito com os grupos afro-descendentes. “Precisamos ajudá-los, mas não fizemos nada, até agora. As dificuldades da prefeitura são muito grandes. Pretendemos, a partir de 2011, convocar o pessoal da cultura afro para poder ter uma atuação mais próxima, inclusive com verba do Fundo de Cultura”, afirma.
O diretor técnico do escritório do IPHAN em São João, Mario Ferrari, informou que o instituto não tem nenhuma política municipal voltada para essas manifestações. “Não temos nenhum projeto de apoio, infelizmente”, lamenta.
Mesmo assim, os grupos vão se mantendo com a ajuda da comunidade, com doações e às despesas de seus integrantes. A presidente do Grupo de Inculturação Afro-descendente Raízes da Terra, Vicentina Neves, relatou que chegou a buscar apoio na Secretaria de Cultura. “Mas eles não nos valorizam. Usam, mas não valorizam”, desabafa.“Não só a afro, mas a cultura folclórica também está abandonada”, sentencia Ulisses Passarelli.
Segundo Nivaldo Neves, os movimentos precisam de um local para oferecer oficinas de pintura, alfabetização, aulas de informática e acompanhamento social. “Hoje estamos tentando adquirir um terreno na prefeitura para fazer as atividades. Temos CNPJ, tudo direitinho e legalizado para receber verba, mas não temos nenhum tipo de apoio da prefeitura”, diz o congadeiro.

Escola e sociedade
As escolas trabalham conteúdo afro no final do ano, perto da data da morte de Zumbi. O restante dos anos não se fala sobre a cultura afro. Muitas vezes, os professores não estão adequados a esse trabalho. “Vemos muito preconceito dentro das escolas. Ouvimos relatos de meninos contando que os chamam de macumbeiros na escola por serem inseridos em religião de matriz africana.”, diz Nivaldo Neves.
Dona Vicentina conta que a UFSJ é a única instituição que tenta apoiar os grupos, oferecendo espaço e acompanhamento por meio de cursos. Mas ela ressalta que isso é insuficiente. “A UFSJ nos ofereceu espaço, mas lá descentraliza o movimento, perderíamos nossas raízes do São Geraldo”, afirma.

Inculturação, o paradoxo católico
Com a indiferença das instituições laicas, os movimentos afro se voltam para a Igreja. Dona Vicentina afirma que algumas paróquias abrem as portas para os grupos. Nivaldo e Ulisses lembram, por outro lado, que a aceitação é recente. “Quando começamos, em 94, não éramos reconhecidos pela Igreja. Com o tempo, conseguimos entrar”, confirma o congadeiro.
Certas paróquias realizam as missas inculturadas. O vigário geral da paróquia de Nossa Senhora da França de Resende Costa, Raimundo Inácio da Silva, explica que a missa inculturada é uma forma de resgatar a riqueza da cultura afro-descendente. “Celebramos a Missa Romana, com introduções de elementos afro”, diz.
A Festa do Divino e a Festa de Nossa Senhora do Rosário permitem o desfile de grupos de congado e de cantos africanos. No entanto, o pároco que nem todos os elementos da crença são autorizados. “É fonte de estudo aquilo que pode ser colocado e aquilo que não pode. Há ritos de outras divindades que não batem bem com o catolicismo. Temos cuidado ao analisar o que pode ser acrescentado na liturgia afro para não virar uma mistura de catolicismo, umbanda, candomblé”, comenta Raimundo da Silva.
A Igreja preserva no momento em que abre as portas e permite que as manifestações aconteçam, enfatiza Ulisses Passarelli. “Mas uma coisa é missa inculturada, outra, é uma sessão de Candomblé, Umbanda ou de Quimbanda. São coisas diferentes. Não vão se estabelecer um dentro do outro”, atenta. Esse momento ecumênico é importante no momento em que respeita as diferenças. Isso permite com que as pessoas conheçam a cultura da periferia.
“A Igreja descaracteriza quando cria amarras para a tradição, quando proíbe que certa coisa aconteça ou define como deve acontecer”, critica o folclorista. A Igreja não pode interferir na manifestação, precisa trabalhar em conjunto e não estipular normas. “Ao mesmo tempo em que a Igreja ajuda a preservar, ela descaracteriza. Sempre foi assim. Isso, eu não sei se muda”, opina. “Dos males o menor, porque houve tempo em que eram proibidas certas manifestações”, acrescenta.
São João abriga também terreiros de Candomblé, Umbanda e Quimbanda. O babalorixá do terreiro do Alto das Mercês, Edimar _______, propõe a inclusão do negro “Mostrar que o Candomblé não é só uma religião, mas uma cultura, um ritmo e uma arte. O candomblé é um museu vivo de cultura imaterial”.
“No princípio, sofremos muita marginalização. Porque, em São João, predomina uma religião de origem portuguesa. Tudo que é oriundo do negro ainda sofre uma discriminação muito grande, apesar de ter pessoas aberta ao diálogo”, enfatiza o babalorixá.
O terreiro foi reaberto há três anos. Contudo, ainda não foi regularizado por falta de verbas. Essas casas são, geralmente, instaladas em bairros mais pobres e marginalizados. “Essas comunidades são mais receptivas. Não temos espaço no Centro, onde predomina o cristianismo. Hoje a marginalização do rito é bem menor por causa dos direitos humanos garantidos pela Constituição e pela Justiça. Mesmo assim, ainda há discriminação”, conta Edimar.
A relação com dos terreiros com a religião católica varia entre as paróquias, de acordo com Edimar. “O que difere muito dos evangélicos, que não tem a tolerância de alguns segmentos da Igreja Católica”. Porém, o babalorixá explica que os afro-descendentes foram levados a abandonar suas tradições. “Já é discriminado por ser negro e, também, por sua religião. Muitos tentam branquear sua negritude e os aspectos de sua cultura”, afirma.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Oficinas da 5ª Cultural estimulam formação de professores


Marcelo Alves e Vinicius Tobias

A primeira oficina ocorreu dia 08: Todo dia, toda hora tem: história, música e teatro na escola. Segundo o oficineiro, Carlos Roberto de Souza, o objetivo foi mostrar aos futuros professores as possibilidades da contação de histórias em sala de aula. “Os aspectos lúdicos das narrativas podem ser usados na educação infantil para estimular a percepção sensorial e musical das crianças”.

Música popular e moderna, e poesia brasileira: tradições e contradições foi ministrada nos dias 09 e 10. Para Igor Alves, aluno de Letras e responsável pela oficina, o mini-curso explorou os horizontes atuais do lirismo brasileiro e proporcionou novos debates, “que nem sempre são abordados na graduação”.

O participante e aluno de história, Rafael Teodoro Teixeira, gostou dos mini-cursos. “Aprendi novas formas de contextualizar o ensino que acredito que vai ser muito útil para mim”.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Acessibilidade é precária em São João

* Marcelo Alves e Vinicius Tobias

De acordo com o Censo/2010, São João del-Rei possui 976 pessoas com mais de 80 anos, a denominada 4ª idade. Esses cidadãos sofrem de doenças que dificultam a mobilidade e a autonomia. A cidade acessível, segundo definição do Estatuto do Idoso, é a que garante a toda sociedade a faculdade de ir, vir e estar nos locais públicos comunitários.
A pedagoga especialista em gerontologia, Maria José Cassiano de Oliveira, acredita que esse não é o caso de São João del-Rei. Para ela, o município não possui políticas de integração dos mais velhos. “A acessibilidade é um dos aspectos mais trágicos. Os idosos não têm como atravessar as ruas, pois os semáforos mudam muito rápido. Não há praças suficientes para convivência, as calçadas dificultam a caminhada e faltam banheiros públicos”, reclama a pedagoga.
A arquiteta e mestra em gerontologia, Adriana de Almeida Prado, aponta que as cidades precisam desenvolver políticas voltadas para “o acesso de todos a prédios e espaços públicos; cuidar para que não haja obstáculos de mobilidade, projetar edifícios multigeracionais e veículos que minimizem as dificuldades de pessoas com idade e deficiências”.

Dificuldades
São comuns a muitos cidadãos com mais de 80 anos os problemas com mobilidade e acesso a prédios públicos em São João. Nesse sentido, Maria Cristina Lima, de 80 anos, diz que enfrenta obstáculos diariamente. “Saio muito de casa, vou à missa todos os dias, pego ônibus. A pessoa mais idosa tem mais dificuldade, mas ainda conseguimos passear. Temos que ter muito cuidado, porque é muito perigoso, podemos cair e quebrar algum osso. Andar na rua é complicado, porque os carros não respeitam”, afirma Maria Lima.
Zeni Cordeiro, de 81 anos, comenta que ficou mais caseira com a idade. “Assisto à missa na televisão, não vou à igreja porque é muito longe da minha casa e não aguento andar muito. Ela também sente insegurança para atravessar as ruas e reclama da velocidade dos sinais. “Os carros não respeitam e eu desequilibro. Cismo que vou cair”, diz.
As cidades devem manter calçadas com piso estável, reto e com superfície antiderrapante, informa a arquiteta Adriana de Almeida. O que é um desafio para cidades históricas, com ruas estreitas e irregulares. A pedagoga Maria Cassiano conta que “as pessoas tropeçam muito nos paralelepípedos. As quedas para os idosos costumam a ser muito perigosas”

Transporte público
A circulação por transporte coletivo também não está totalmente adequada, afirma a gerontóloga. “Só quem dá conta das atividades diárias consegue pegar um ônibus. Mas com muita dificuldade ainda, as pessoas não têm consciência de que devem que ceder os lugares da frente. Os assentos reservados não bastam. Os motoristas não foram capacitados para receber as pessoas mais velhas e apenas alguns ônibus têm degraus rebaixados”, declara Maria Cassiano.
Marcia Leila de Castro Pellegrinelli, de 81 anos, aponta que o mais difícil para os idosos é a ausência de um transporte coletivo específico. “Deveria ter um transporte para os idosos em cada bairro. Os espetáculos religiosos, por exemplo, a gente perde porque são à noite. E acrescenta: “Acho muito importante que a comunidade desenvolva alternativas e a Prefeitura deveria tem uma van”. Jandira Pereira Lima, de 90 anos, conta que os filhos a proibiram de andar de ônibus por precaução. “Eu ando para lá e para cá de carro, só ando a pé perto de casa”.

Espaços públicos
Os poderes Executivo e Legislativo não dão o exemplo. O prédio da Prefeitura tem dois andares. Uma escada íngreme é a única ligação entre eles e não há projeto de adequação para idosos e deficientes físicos. O edifício da administração, que centraliza as Secretarias mais importantes, também não possui elevador. “Vocês nem imaginam as dificuldades para os idosos irem aos espaços de representação reivindicar seus direitos, como a Câmara de Vereadores e a Prefeitura. O acesso é bem complicado, com escadas muito inclinadas, que impossibilitam a subida do idoso”, declara Maria Cassiano.
A assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que deve partir do Legislativo uma lei que obrigue os prédios municipais a terem opções de acessibilidade. O setor também se disponibilizou a fazer um levantamento dos prédios públicos que oferecem acessibilidade. Contudo, mais de uma semana após a requisição, não deu resposta. Apenas os prédios mais novos, como o Fórum, o Ministério Público e o Batalhão da Polícia Militar foram projetados de acordo com as necessidades dos idosos.


Ocupação desordenada da margem do Córrego dos Lenheiros é a principal causa das enchentes

Fenômeno histórico é fruto da falta de projetos e de informação do Executivo

João Eurico, Marcelo Alves

São João del-Rei há muito tempo sofre com o problema das enchentes. Por falta de informação ou por omissão do poder público, a área urbana cresceu descontroladamente. Isso danificou o funcionamento do Rio das Mortes e do Córrego do Lenheiro, consequentemente, causando os alagamentos nas casas situadas às margens. É isso que a pesquisa intitulada Impactos Ambientais Urbanos Provocados pela Ocupação da Planície Fluvial e do Entorno do Rio das Mortes e seus Afluentes, comprova.
O estudo foi coordenado pelo professor e doutor em Geografia e Análise Ambiental da UFSJ, Vicente de Paula Leão, e contou com o auxilio da bolsista Raquel Cassia. Segundo Vicente, a ideia da pesquisa surgiu a partir de seus vinte anos de observações do fenômeno das enchentes na cidade. Isso, somado ao interesse do professor em geografia física e urbana, resultou em uma pesquisa essencial para a comunidade são-joanense.

Ocupação desorganizada
O pesquisador explica que o tema sempre foi tratado de maneira equivocada, tanto pelos habitantes da cidade quanto pelo meio acadêmico. “Alguns cidadãos acham que o fenômeno tem a ver com tromba d’água”. O que é incorreto, “visto que este é um jargão jornalístico do litoral. Já o meio acadêmico sempre discutiu o assunto de maneira muito superficial. A ideia da pesquisa é demonstrar os impactos ambientais urbanos que causam enchentes”.
Segundo Vicente, as pessoas costumam associar as enchentes às chuvas fortes, o que não é totalmente verdade. Ele explica que a causa está na urbanização desorganizada, que danifica a circulação correta do fluxo de água. “São vários os problemas causados pela ocupação humana: as construções em lugares inadequados reduzem o leito do rio; o asfalto diminui a impermeabilização do solo; a agricultura imprópria despeja sedimentos no rio; a mata ciliar, que ajuda na absorção da água é cortada. Então, são vários fatores que quando somados às chuvas fortes causam as enchentes”, explica.
Vicente ilustra o problema da ocupação humana desordenada usando do Google Earth (sistema de captação de imagens aéreas por satélites) como exemplo: “ao olharmos o bairro de Nossa Senhora de Fátima e a cidade de Santa Cruz de Minas, percebe-se que estão construídos em boa parte na planície de inundação do Córrego do Lenheiros. Então, um fenômeno que seria normal para um rio, que é quando suas águas sobem, acabou se tornando um problema”. Ele enfatiza que a subida do rio, em condições adequadas, é fundamental para o meio ambiente, para a fertilização do solo por exemplo.

Despreparo
O doutor em Geografia afirma que o Brasil é um país tropical, e que, consequentemente, são comuns em seu território chuvas torrenciais – muita chuva num curto período de tempo, e que por isso deveríamos estar sempre preparados. Vicente também alerta para o oportunismo de políticos em épocas de enchente: “depois que o estrago está feito, sempre aparece um político para dizer que o problema é a chuva forte, e que consertará o problema. Olhe por exemplo o Canadá: você não vê as nevadas causando tantos problemas por lá, porque eles estão preparados para este tipo de situação”.
As enchentes não podem ser simplesmente arrumadas de uma hora para outra, e que “o correto seria que houvesse ao menos um sistema de alerta à população, um programa de prevenção de doenças, enfim, um auxílio maior às vítimas das alagações. E não políticos falando sobre coisas impossíveis de serem feitas”, orienta.

Cidade e campo
A pesquisa demonstra que o problema das enchentes em São João del-Rei ocorre por fatores que envolvem tanto da zona rural quanto da urbana. Segundo o professor, quando a agricultura é feita de forma errada, as chuvas passam pelo relevo arado e levam os sedimentos ao rio. O que diminui o volume de água comportável, facilitando a inundação. Efeito semelhante ocorre na cidade, quando as partes mais altas são desmatadas e deixam o relevo desprotegido, então quando chove forte desce uma enorme quantidade de terra dos morros, que também acumulam sedimentos no rio.
Segundo Vicente, as áreas perto de rios serem menos valorizadas, o que acaba atraindo ainda mais construções: “aqui em São João os terrenos e casas em locais centrais estão muito caros, o que obriga a população mais carente a se alojar onde pode”.

Alternativas
Vicente explica que não existe uma solução propriamente dita para o dano já causado na ocupação inadequada dos leitos Segundo ele, não seria viável simplesmente retirar as construções das margens do rio, já que existem histórias pessoais ligadas àquelas casas. “O que deveria existir é um trabalho de preservação da mata ciliar, para diminuir o assoreamento e o lixo jogado nos rios e nas ruas da cidade, lixo que acaba entupindo bueiros e aumentando o problema. As escolas também deveriam ter um papel educativo, com o uso de material apropriado, para mostrar à comunidade as causas do problema. Senão fica difícil para as pessoas entenderem, por exemplo, que o asfalto do bairro Senhor dos montes esta relacionado às enchentes do Nossa Senhora de Fátima”.
O professor afirma que a Universidade ainda é muito distante da comunidade e do poder público. Quanto à pesquisa, por exemplo, Vicente disse que a prefeitura não foi receptiva quanto aos estudos, demostrando dificuldade de acesso aos dados, “ou porque a pessoa desconhece ou porque não tem vontade de mostrar mesmo”.
Concluindo, o pesquisador defende que enquanto a sociedade não mostrar que esta atenta as questões ambientais e que isto ira orientar o foco dela, não será feita muita coisa à respeito. Segundo ele, do jeito que vão as coisas “os políticos vão continuar não se preocupando com o meio ambiente”.