terça-feira, 2 de junho de 2009

Resenha do Capítulo 2. do livro Como se faz uma Tese

Resenha – Eco, Umberto. Como se Fazer uma Tese. São Paulo: Perspectiva, 1991. Capítulo 2: A escolha do Tema

Marcelo Alves

Umberto Eco é um ensaísta italiano de renome mundial, dedicado a temas como estética, semiótica, filosofia da linguagem, teoria da literatura e da arte e sociologia da cultura; e titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha. Neste seu livro – Como se faz uma Tese – Eco dirige-se, principalmente, a estudantes universitários no que diz respeito à matéria Metodologia de Pesquisa. Assim, seu livro preocupa-se em inserir e conduzir os alunos no caminho das Teses. O capítulo - A Escolha do Tema – especificamente, explica o conceito de cientificidade, os tipos de teses, o tempo que lhes deve ser empregado, a importância de conhecer línguas estrangeiras; e, também, diferenças de temas e o envolvimento do aluno com a tese.

O italiano faz a divisão de assuntos em tópicos e utiliza de linguagem despojada e simples para desenvolvê-los, dando exemplos empíricos e experimentais de pesquisas, ajudando assim, na compreensão do leitor. No que diz respeito ao tipo de tese, ele define Tese Panorâmica como alga vastíssimo e perigoso para um aluno sem experiência e renome, ao passo que a Monografia é a abordagem de um só tema, o que a torna mais fácil de ser feita com sucesso. Já entre Tese Histórica e Teórica, Eco ressalta a dificuldade em se conduzir uma Tese Teórica, pelo estudante, visto que essa possui caráter abstrato e outros inúmeros estudos que tratam do tema, por isso o trabalho fica fadado a ser breve e sem organização interna; é preferencial fazer um trabalho historiográfico, embasado por estudos anteriores, e aplicar ideias originais ao final do ensaio, a fim de discutir o assunto. Já em relação ao Tema ser Histórico, ou Contemporâneo/Atual, Eco afirma que, sem dúvida, é mais fácil partir para o campo Histórico, uma vez que este, embora tenha maior e mais complexa bibliografia, tem esquemas interpretativos mais seguros, enquanto o contemporâneo tem estudos mais vagos, dispersos e contraditórios. Mas nada impede que as metodologias de análise sejam trocadas, ou seja, que “se trabalhe sobre um autor contemporâneo como se fosse antigo, e vice-versa”, o que, segundo o autor, tornará o trabalho mais agradável e seguro.

Umberto Eco diz que a Tese é uma ocasião única para agregar conhecimentos, que servirão ao aluno para o resto de sua vida, como aprender línguas estrangeiras, essenciais para que se desenvolva um estudo consistente sobre o escrito original de um autor e suas idéias. Nesse sentido, o aluno não deve ser obrigado a escrever uma Tese, nem o tema lhe deve ser imposto, mas ele deve sentir-se atraído pelo assunto, de modo que ele se envolva em um Tema à sua altura, com o intuito de desenvolver seus conhecimentos e levar o tema a um novo patamar, que será considerado e discutido posteriormente. Por isso, o tempo que será empregado no trabalho não poderá ser visto como um obstáculo estafante, mas prazeroso; e nesse ponto, Eco é rigoroso ao afirmar que “Se quiser fazer uma tese de seis meses gastando apenas uma hora por dia, então é inútil discutir. Para não correr o risco de trabalhar em uma tese medíocre, copiem logo um trabalho qualquer e pronto”.

Ao longo do capítulo, Eco levanta conceitos que serão discutidos também por Rubem Alves (Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e a suas regras, 2000), como a importância da ordem em um trabalho acadêmico, a impossibilidade de se obter respostas perpétuas e absolutas, a constante modificação, reinterpretação, atualização e contestação das teorias; e o conceito de cientificidade, explicado por ambos não como algo que envolve fórmulas e diagramas, mas como estudos que analisam um objeto reconhecido igualmente por outrem, que sempre dizem algo de novo sobre esse objeto, ou o reinterprete; que esse estudo dialogue com outros e lhes seja útil. Portanto, estudos de quaisquer áreas do conhecimento serão científicos, desde que sigam aqueles requisitos.

O Capítulo 2, A Escolha do Tema, do livro Como se faz uma Tese, de Umberto Eco expõe e discute problemas de metodologia, que serão encarados nas pesquisas, com boa profundidade e clareza, cumprindo o que propõe, e sendo, destarte, importante e indicado para os estudantes interessados em seguir carreira acadêmica, ou fazer o Trabalho de Conclusão de Curso.