sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aumenta o consumo de crack em São João


A droga que mais tem chamado atenção dos policiais, em São João del-Rei, é o crack. Sua entrada na cidade é um fenômeno relativamente recente. Por ser mais barata e causar forte dependência, a substância é consumida não só por jovens da periferia, como vem ganhando adeptos entre as classes de maior poder aquisitivo. O combate ao tráfico também tem crescido, visto que, de 2009 a 2010, a Polícia Militar constatou um aumento significativo no número de prisões envolvendo drogas ilícitas.
O quadro comparativo entre os nove primeiros meses de 2009 e 2010 aponta que o número de traficantes presos passou de 75 para 108 e o de usuários detidos subiu de 176 para 213. Apesar do aumento de ações de combate ao tráfico, o crescimento nos dados preocupa os policiais, que atribuem o fenômeno à ausência de políticas públicas preventivas que evitem que os jovens tenham contato com substâncias ilícitas. Isso poderia ser feito promovendo o acesso das comunidades à cultura, à educação e ao lazer.
O tráfico
O capitão do 38º Batalhão de Polícia Militar (38º BPM), Ednílson Costa, informou que o “Guardião das Vertentes” conseguiu realizar diversas apreensões no ano. Segundo ele, não há uma facção central de tráfico de drogas. “Geralmente, são grupos que já conhecemos, mas pegamos pessoas diferentes também. São João, por ser cidade pólo, tem maior circulação de substâncias ilícitas. Tentamos combater isso com as operações que fazemos a partir de denúncias e do trabalho do nosso Serviço de Inteligência”, contou Ednílson Costa.
No entanto, o capitão reconhece que a ação coercitiva exercida pela PM é insuficiente para impedir que ocorra o tráfico de drogas na cidade. “Isso está se tornando uma política pública. Não é um problema que será resolvido pela polícia, é uma questão de conscientização social. O traficante vende para quem vai procurar, ele existe em função do consumidor. Então, quem custeia os crimes, os roubos e as mortes que são praticadas são os usuários. Resolver isso requer uma política que vai muito alem do combate militar. O combate se estende aos políticos e à sociedade”, analisou Costa.

O consumo
A carência de acesso à educação e à cultura é apontada pelo capitão como um dos motivos que levam os jovens às drogas. “Hoje falta muito lazer pra os adolescentes. Os políticos têm que desenvolver maneiras para que os jovens ocupem o tempo ocioso deles. Porque, nessa idade, as pessoas querem experimentar coisas novas e acabam na droga. Se os jovens não têm um lugar para praticar esporte, são levados ao vício”, argumentou.

Proerd
A PM desenvolve o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) tentando conscientizar as crianças e retirá-las do mundo das drogas. “Mas alguns, por falta de estrutura familiar, não são alcançados pelo programa”, observou o capitão Costa. A Associação de Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos (Apadeq) faz um trabalho de tratamento, recuperação e socialização dos dependentes. Contudo, segundo Costa, a instituição não tem como cuidar de todo mundo. “Pedimos aos diversos segmentos organizacionais para criar mais alternativas para quem quer se tratar e sair desse mundo”, disse.

Crack
A PM vem realizando diversas apreensões de crack. “Antes, pegávamos mais maconha, mas teve um aumento muito grande do consumo de crack. Essa droga é mais barata, vicia rapidamente e causa forte dependência. O público dessa substância é geral. Uns cinco anos atrás, eram pessoas de menor poder aquisitivo. Atualmente, não há essa distinção, afirmou capitão Costa.
O crack é uma substância que pode destruir a vida do usuário. Quando a pessoa não tem recurso para comprar o crack, começa a vender as coisas que tem em casa, furtar da própria família e, depois, passa a praticar pequenos furtos. “A abstinência é muito voraz e o viciado não consegue controlar seus impulsos”, comentou o capitão.

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