quinta-feira, 27 de maio de 2010

Luta Anti-manicomial em Resende Costa


Combater a opinião mitificada e preconceituosa que ainda existe quando o assunto são doenças mentais. Esse foi o objetivo da 6ª Manifestação Regional da Luta Anti-manicomial, realizada em Resende Costa na última terça-feira, 18 de maio.
O evento mostrou que os cidadãos com sofrimento psíquico são doentes como outros quaisquer e não devem ser segregados em manicômios. O tratamento adequado precisa ser feito em conjunto com a sociedade e a família, para que eles tenham uma vida feliz e normal. “Ainda existem internações de, no máximo, 45 dias. O doente mental não deve sair do convívio familiar e social. A rua e os vizinhos têm que o aceitar. O hospital isola demais o paciente. Temos que humanizar o tratamento. Não é excluir, é cuidar”, disse Ramon Alexandre de Resende, psicólogo e coordenador do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de São João del-Rei.

CAPS
O doente mental tem como atendimento de saúde, nesta região, o CAPS, que o trata quando está em crise severa e agressivo. O Centro acolhe e trata o paciente mental e fisicamente. “Diante do desfazimento, graças a Deus, dos manicômios, os sofredores mentais são atendidos nos CAPS de São João, Barroso e Bonsucesso. Atualmente são mantidos nas famílias, sem que se alienem dentro de um verdadeiro campo de concentração que era o manicômio. Essa situação não pode voltar. Esses seres humanos podem viver tranquilamente em sua comunidade”, afirmou o diretor Regional de Saúde, José Rosário.
O CAPS oferece oficinas artísticas para os seus usuários. Para Ramon de Resende, isso faz com que eles expressem seus sentimentos e angústias. “Se pensarmos no esquizofrênico e no psicótico, temos mentes desorganizadas, sujeito partido. A arte possibilita que o doente mental se expresse”, contou Ramon. Para o artista plástico são-joanense Wanderley Mario Guilherme, o Wangui, “é gratificante demais poder ensinar o desenho e a pintura a pessoas tão especiais. Na oficina, eles iniciam nervosos e terminam relaxados. O desenho os acalma e esse convívio é muito bom”.
Para o formando em Psicologia e participante do projeto Estreitamento dos Laços, Felipe de Melo, é um erro achar que os doentes mentais não podem se expressar ou que não entendem a realidade. “Eles compreendem demais a realidade. No Brasil, ainda é gritante o racismo, a homofobia e diversos outros preconceitos. Os doentes encontram uma saída no surto, por não conseguir conviver com essa loucura que é a sociedade. Falar que eles entendem a realidade, que são loucos é um erro”, observou Felipe.

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