sexta-feira, 23 de julho de 2010

Diagnóstico do trânsito são-joanense

De janeiro a junho de 2010, a Polícia Civil registrou 426 ocorrências de trânsito - algumas com mais de um tipo de veículo - nas vias de São João del-Rei. Do número, foram envolvidos 286 motos, 200 carros e 95 bicicletas totalizando 370 vítimas, 13 delas fatais. São 35 mil automóveis registrados no município, até janeiro deste ano. As ruas estreitas, principalmente na região central, aliadas ao desrespeito entre carros, caminhões, motos, carroças, bicicletas e pedestres, a cada dia têm transformado em um verdadeiro caos transitar pela cidade.
Segundo a Prefeitura Municipal, a solução mais prática para resolver o problema é a municipalização do trânsito, com a criação de um departamento capacitado de controle do tráfego. O que já está em andamento. Uma empresa de engenharia de tráfego foi contratada para avaliar as condições do trânsito e propor soluções, com base no resultado desse estudo. Enquanto isso, o são-joanense convive com bicicletas na contramão, caminhões na calçada, carros e motos em alta velocidade, briga por vaga para parar o carro e acidentes constantes, uma média de quase dois por dia, e duas mortes por mês.

A situação
A delegada de Acidentes de Veículos, Marilda Solange Vieira de Lima, atribui o número de acidentes à imperícia dos condutores e ao grande aumento na quantidade de carros, motos e bicicletas. “Os ciclistas não respeitam as leis de trânsito. A maioria dos atropelamentos envolve bicicletas”, afirmou.
Para ela, a municipalização do trânsito seria uma solução para diminuir os números de acidentes. Seria importante, também, que se ensinasse educação no trânsito nas escolas. “Precisamos educar as crianças porque elas não respeitam as leis de trânsito. Os condutores de bicicletas, principalmente, acham que estão acima da lei, andam na contramão, no passeio”, disse a delegada de Acidentes de Veículos.

“A municipalização é inevitável” (Chefe do Dep. de Trânsito)

Municipalização
O chefe do setor de Trânsito de São João del-Rei, Lauriwaldo Ferreira Alves, o Waldo, concorda com a delegada. Segundo ele, a municipalização traria muitas melhorias para o tráfego. A fiscalização se tornaria eficiente, o valor arrecadado com as multas ficaria inteiramente no município e seria revertido em sinalização, educação dos condutores e reparos nas ruas. “A municipalização é inevitável”, afirmou ele.
Para Waldo, com a municipalização poderiam ser controlados o serviço de táxi e mototáxi, ônibus, transporte escolar, bicicletas, limite de velocidade. “A Polícia Militar não tem efetivo suficiente para fazer a fiscalização de trânsito. Todo mundo faz o que quer, para em local proibido, ponto de ônibus. Ninguém respeita o pedestre”, observou o chefe do Setor de Trânsito.
Waldo explica que outro benefício seria a rotatividade dos estacionamentos no Centro da cidade. Contudo, nenhum órgão pode fiscalizar a ilegalidade “O estacionamento está caótico porque a quantidade de veículo aumenta mais a cada dia. Está complicado, também, porque os motoristas não respeitam as duas horas, o máximo que se pode ficar em uma vaga, e deixam o carro de manhã até a tarde. Com a municipalização, dá para fiscalizar esses estacionamentos, notificar e guinchar os automóveis”, avaliou.

Pontos críticos
De acordo com o chefe do Setor de Trânsito, os pontos críticos da cidade são: Rua Paulo Freitas, que já teve acidentes fatais, e Avenida Tiradentes; encontro da Rua Aureliano Pimentel com a Avenida Leite de Castro, cruzamento da Rua João Hallak, no Matosinhos, que tem grande índice de acidentes e entorno da Praça da Biquinha, que terá dois redutores de velocidade. A delegada Marilda Solange ainda citou a Avenida Josué de Queiroz.

“O estacionamento está caótico porque a quantidade de veículo aumenta mais a cada dia. Está complicado, também, porque os motoristas não respeitam as duas horas" (Waldo)

A sinalização tem sido outro ponto criticado pelos condutores. Waldo informa que foram colocados três semáforos novos em cruzamentos perigosos. Além disso, outros três foram reformados. “E vamos colocar mais dois: um na Avenida Paulo Freitas, que já teve acidentes fatais esse ano e um na Avenida Tiradentes”, adiantou.

Taxi
Os taxistas reclamam da falta de sinalização e da qualidade das vias. Eles ressaltam, ainda, a falta de educação dos condutores. “Todo mundo erra, mas tem uns caras que não poderiam estar dirigindo, abusam. Tem muita irregularidade”, opinou Geraldo Domingos. Rubens Paulo Martins Pimenta, taxista há mais de 12 anos e presidente da Associação dos Taxistas, concordou: “As condições do tráfego estão péssimas, não há respeito. O trânsito precisa melhorar muito”, opinou.
Para Luiz Eduardo Carvalho Alves, o Pathativa, presidente da Cooperativa de Mototaxistas de São João del-Rei, que passa 12 horas por dia no trânsito da cidade, a sinalização é falha e a mentalidade dos motoristas não acompanhou o desenvolvimento do município. “O pessoal acostumou a dar uma voltinha aqui e já estava ali, a pegar uma ‘contramãozinha’. Em São João não cabe mais isso. Em alguns pontos tem que dar a volta mesmo, algumas vias têm que ser mão única”, observou.

Bicicletas
Das 426 ocorrências de trânsito registradas pela Polícia Civil, 95 envolvem bicicletas, o que representa uma porcentagem de 22,3%. Já que a cidade não possui ciclovias no Centro e nos bairros, elas disputam espaço nas avenidas com os demais automóveis. Além disso, alguns ainda andam na contramão e sobre os passeios, desrespeitando os pedestres. Para Waldo, a municipalização do trânsito poderia diminuir o problema, pois os ciclistas poderiam ser multados.

"Os motoristas não nos esperam passar e entram na frente. Claro que tem ciclistas que andam no passeio e na contramão" (Ciclista)

Para a ciclista Juliana Aparecida Ladeira, 26 anos, residente em Matosinhos, ninguém respeita ninguém no trânsito, mesmo quando as bicicletas estão na mão certa. “Os motoristas não nos esperam passar e entram na frente. Claro que tem ciclistas que andam no passeio e na contramão. Mas deveria ser feita ciclovia em alguns trechos. Na Josué de Queiroz o trânsito é bem complicado, passa muitos carros dos dois lados, motos, bicicletas e pedestres, que também andam na rua”, afirmou.

Empresas de mototáxi não foram regulamentadas pela Prefeitura

São João del-Rei tem 15 empresas que oferecem o serviço de mototáxi. Nove estão abertas há muito tempo, algumas chegam a 15 anos de funcionamento. Porém, outras seis são mais recentes e disputam espaço num mercado ainda não regulamentado, devidamente, pela Prefeitura Municipal.

“A categoria foi regulamentada nacionalmente. Portanto, é necessário que o município reconheça isso também” (Mototaxista)

Em julho de 2009, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei Federal nº. 12.009, que regulamenta a profissão de motoboy e de mototaxista. Pelo dispositivo legal, teria que ser aprovada uma Lei Municipal reconhecendo a classe. Em São João, o dispositivo legal deve entrar na Câmara de Vereadores em agosto próximo. “A categoria foi regulamentada nacionalmente. Portanto, é necessário que o município reconheça isso também”, afirmou o presidente da Cooperativa de Mototaxistas de São João del-Rei, Luiz Eduardo Carvalho Alves, o Pathativa.
Se aprovada a lei, os mototaxistas e motoboys terão que se adaptar a diversas exigências para aumentar a eficiência e segurança do serviço. Tais como: cor padrão para a moto e para o capacete do piloto; colete especial, pontos fixos através de zoneamento da atividade; obrigatoriedade de touca descartável para capacete do passageiro; seguro de vida que cubra acidentes pessoais do condutor, passageiro e terceiros. Além disso, o condutor precisa ser maior de 21 anos, ter curso específico, ser aprovado pelo Conselho Nacional de Trânsito e ter bons antecedentes criminais.
Pathativa disse que é de suma importância que a lei seja encaminhada à Câmara e aprovada. “A cidade não vive mais sem o serviço de mototáxi”, observou. Segundo ele, sem que a categoria seja reconhecida pela Prefeitura, não adianta investir na moto e na profissionalização. “Tem que partir do princípio: da lei e da licitação, aí poderemos investir nos veículos e no pessoal”, afirmou Pathativa.

"Após algumas reportagens que eu fiz, minha chefe me passou essa pauta e, para minha surpresa, ela saiu na capa do jornal. É a segunda reportagem de trânsito que faço, ambas foram capas. É bom fazer textos assim, porque se traça um roteiro de apuração e no final a coisa sai bem diferente. Algumas ideias partiram da minha cabeça, outras foram integradas pelas fontes, fui desenvolvendo assuntos e buscando diversos pontos de vista. É difícil dar uma visão geral e falar também das comunidades mais afastadas. Acaba que o foco fica no Centro da cidade. Não tem o que fazer, para pegar todo o município, teria de ser uma reportagem especial seriada. De resto, acho que munha intenção foi mostrar os problemas dos condutores e a necessidade da municipalizção da fiscalização. Sei que isso vai acontecer, com Secretaria de Trânsito e tudo, mas se isso irá ser bem administrado e se funcionará é outra história..."

2 comentários:

  1. PRECISAMOS URGENEMENTE DE UMA ALTERNATIVA NO FLUXO DE TRÂNSITO QUE CHEGA PELA LEITE DE CASTRO, PARA MOMENTOS DE OBRAS E DE EVENTOS NA NOSSA QUERIA DEL REI.

    FICA AQUI UMA SUGESTÃO DE UM TRANSEUNTE DIÁRIO:
    DESVIAR PARTE DO TRÂNSITO PELA RUA LUIZ CARDOSO SENTIDO AO TERMINAL TURÍSTICO, AO HOSPITAL DAS MERCÊS, BAIRRO DO TEJUCO E SAÍDA DA CIDADE.

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  2. A SOLUÇÃO PARA UM TRÂNSITO MELHOR EM SÃO JOÃO DEL REI OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR É UM TRANSPORTE PÚBLICO DECENTE, E, O DAQUI ESTÁ MUITO LONGE DISSO. ALÉM DE QUE O MOTORISTA, MOTOCICLISTA, CICLISTA E PEDESTRE DAQUI SÃO MAL EDUCADOS E, A MAIORIA TEM POUCA OU NENHUMA NOÇÃO DE LEIS DE TR^^ANSITO.

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