sábado, 27 de fevereiro de 2010

Metralhas vencem carnaval 2010



O Grêmio Recreativo Escola de Samba Irmãos Metralhas venceu o Carnaval de 2010 de São João del-Rei, com 199 pontos. A segunda escola, G.R.E.S. Unidos de São Geraldo, fez 198,6 pontos, apenas quatro décimos atrás. A terceira colocada foi Vem me ver, com 197,1. O prêmio em dinheiro será, respectivamente, R$ 5.000,00; 3.000,00; e 2.000,00 reais.
A Comissão Julgadora foi organizada pela Secretaria de Cultura e Turismo. As justificativas para a distribuição dos pontos só será divulgada 72 horas depois da apuração, isto é, nesse sábado.
Após apuração tensa e disputada, o presidente do Metralhas, Luiz Carlos Teixeira, afirmou que o título representa a garra e a luta de toda a escola, que trabalhou com pouco tempo para fazer seu desfile. “A gente trabalhou bem. Foi uma vitória difícil, mas a gente conseguiu chegar lá. O segredo foi o trabalho muito grande de toda a escola, que esse ano deu certo. O carnaval feito às pressas, assim, às vezes sai alguma coisa errada, a gente sabe que tem falhas, mas nos concentramos nos detalhes”, contou, emocionado, Luiz Carlos.

Desfile dos Irmãos Metralha
Abrindo o domingo de desfiles, o G.R.E.S. Irmãos Metralhas, com 400 componentes, seis alas e três carros alegóricos, começou a sacudir a Avenida Tancredo Neves, cantando o enredo nota 10: “Reluz o ouro, raiou o sonho de liberdade”. Os Metralhas prestaram homenagens aos mineiros, à história do ouro, aos grandes heróis de nossa terra e, principalmente, à diversificada cultura e aos ideais e movimentos de liberdade nascidos em Minas Gerais, tais como a Inconfidência Mineira e as “Diretas Já”.
O desfile trouxe cores quentes, destacando o amarelo, laranja e ouro. Cada componente da ala “Verde e Amarela” empunhava a bandeira brasileira e o nacionalismo preconizava o carro principal da escola, chamado “Nas cores do Brasil”, que carregava retratos de Tancredo Neves e do alferes Tiradentes, arrancando muitos aplausos da plateia enquanto passava.
Contagiante, o refrão cantado por todo o carnaval se dispersava pelas arquibancadas em uníssono: “Quem te conhece não esquece jamais/ Ô, ô, Minas Gerais/ Metralhas canta, faz brilhar a cidade/ Reluz o ouro ideais de liberdade”.
O ponto forte da escola foi a bateria, única a receber nota 10. Seus integrantes tocaram, selvagemente, como tambores africanos retumbando com agressividade e paixão.

Mocidade Independente do Bonfim
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente do Bonfim abriu os desfiles do carnaval são-joanense, no dia 13 de fevereiro, e ficou em quinto lugar, com 193 pontos. Com o enredo “Uai sô! Isso é Minas”, a Escola homenageou a formação e diversidade do Estado de Minas Gerais. Em suas alas e carros alegóricos, a Mocidade do Bonfim lembrou de nomes ilustres como, Antônio Francisco Lisboa – o Alejadinho; Tancredo de Almeida Neves; Santos Dumont; Bárbara Heliodora e Guimarães Rosa. Estiveram presentes temas como religião, música, belezas arquitetônicas, artesãos, folclore, ouro e bandeirantes.

Bate- Paus
O G.R.E.S. Bate-Paus foi a segunda escola a desfilar, na noite de sábado, e terminou o carnaval em quarto lugar, com 194,6 pontos – a escola perdeu um ponto por ter desfilado com carro motorizado. Com o enredo “Libertas Quae... É o outro nome de Minas”, a Bate-Paus homenageou Tancredo de Almeida Neves e José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. Ambos personagens da história mineira e nacional que lutaram contra o sistema de governo vigente, diretamente opressor da vontade da população, e buscaram instaurar o ideal de liberdade. Em outras palavras, diz o enredo: “Clareou no horizonte a liberdade. Surgindo homens de verdade, reconstruindo o meu Brasil”.
Vem me ver
“Abram alas da imaginação e vislumbrem, nessa lembrança, saudosos carnavais de São João das Gerais”. Com esse enredo, a terceira colocada, com 197,1, G.R.E.S. Vem me Ver, fechou a noite de desfiles do sábado. A escola tijucana saudou os marcantes e divertidos carnavais de antigamente, suas marchinhas e seu caráter romântico e original.

Girassol
A segunda escola a desfilar domingo foi o G.R.E.S. Girassol – sexta colocada do carnaval, com 192,4 pontos. O enredo “Cem anos de Tancredo Neves” era um dos mais aguardados pelo povo são-joanense. Trazendo muitas crianças e, como Abre-Alas, uma Pomba a Girassol levantou a plateia e foi aplaudida durante boa parte de seu desfile. Na música, percebeu-se um trato sutil: um instrumento como o contra-baixo, tocando alguns acordes do Hino do Brasil.
Nas cores vermelho e branco, sua bateria mostrou vigor e coreografia. Ela fez uma paradinha defronte ao público, esperando todos os componentes da escola passar. Com efeito, isso conquistou o público, fazendo muitas pessoas aplaudir, dançar e cantar o refrão: “Se quiser ser feliz, seremos/ Se quiser o poder, lutemos/ Vem pra Girassol pra sorrir, libertar/ A essência da vida é amar”.
A Girassol perdeu quatro pontos na apuração, pois teria utilizado fantasias e adereços comprados de uma escola de samba de outro estado, portanto, sem relação com a cultura mineira.

Unidos de São Geraldo
Para fechar com muito ouro o carnaval são-joanense, a vice-campeã, com 198,6 pontos, G.R.E.S. Unidos de São Geraldo, levou à Avenida o enredo: “Tributo dos deuses reluzindo ouro em pó. A São Geraldo canta Chico Rei”. A escola cativou a arquibancada, embora seus 400 componentes tenham ficado muito dispersos. Suas alas lembraram de muitas tribos: Hindú, Angola, Zambi, Yorumbá, Moçambique e Aruanda, contudo, as fantasias repetiam as cores e texturas de onça e zebra (preto e branco; e amarelo e preto).
A escola encerrou os desfiles com muita garra e seguida por uma multidão que pulava e dançava ao som da bateria.

Multiplicidade de opiniões
- A arquibancada ficou muito divida quando perguntada sobre qual escola foi a mais bonita. “Gostei da Girassol de da Bate-Paus, porque achei mais organizado o desfile delas. As outras arrebentaram, foram mais dispersas. O carnaval está melhorando. Mas tem que resolver o problema nas arquibancadas, comprei o bilhete e não consegui me sentar”, falou José Maria Ribeiro (58), aposentado, morador do Caieiras. “Bate-Paus e Metralhas foram as minhas preferidas, elas tiveram fantasias e carros muito bonitos”, opinou Carlos Roberto Sandim (52), comerciante de Santa Cruz de Minas. “A São Geraldo e a Vem me Ver foram muito bem. Seus integrantes mostraram mais entusiasmo e samba no pé”, disse o tijucano João Batista Pires (43), funcionário público.

Segurança no carnaval
Nesse carnaval de 2010, a Polícia Militar não registrou nenhum homicídio nas 18 cidades da região. Fruto da boa organização institucional e do planejamento, que possibilitaram um carnaval mais festivo e alegre, sobretudo, para famílias e crianças, que puderam ir às ruas se divertir sem medo de confusões. “Vim com a minha filha Laura Santos Silva, de 6 meses porque me senti tranquila. É a terceira vez que venho e gostei mais do carnaval desse ano, pois não vi brigas ou confusões. Trouxe minha filha sem medo e vi muita gente que fez o mesmo”, relatou Adriana Santos Sacramento, de Betim.

"Fiz a cobertura do segundo dia de desfile e da apuração. No desfile, ficamos na cabine da Campos de Minas. è muito difícil diferenciar de cima a vibração do público, acho que foi muito igual. NAs entrevistas que fiz no chão, percebi muita diversidade de opiniões e, frequentemente, motivadas arbitrariamente ou por critérios subjeitivos. A apuração me pareceu rápida e não teve confusões. Porém, algo me chamou a atenção logo de início: Bate-Paus e Girassol perderam pontos por razões claramente furadas. BP, por causa de um dos carros ser motorizado. Ok, mas o carro foi empurrado. Girasol por, supostamente, utilizar fantasias de outra escola de samba. compradas. Ambos os casos, foram os presidentes das Escolas que votaram para decidir se os pontos deveriam ser tirados. Ora, é como perguntar para o técnico do outro time se foi penalti ou não. Realmente, no geral, viu-se um carnaval muito desorganizado, feito às pressas e com o suor da comunidade. Não se pode afirmar, contudo, que isso tenha ou não sido responsável pela má qualidade, se houve. Mas é fato que as ações e o modo como ele é planejado, novamente, joga fora o potencial turístico da cidade e o que se vê é desorganização, cidade suja, com cheiro de mijo. As ressalvas vão para o bom trabalho de coação da criminalidade feita pela PM."

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