quarta-feira, 15 de julho de 2009

Devaneios Caribenõs


Marcelo Alves

Cara, que foda! Músicas de excelente qualidade pra se ouvir nunca faltaram... AC/DC, Kiss/ Pink Floyd/ Deep Purple/ Scorpions e lá vai muita coisa ainda que com certeza passa pela cabeça dos leitores. Cada um com seu gosto. Pop, rock, samba, tecno, e tal.

Mas não sei: talvez por uma enorme exposição a bandas estrangeiras, com vocais em inglês, e brasileiras, fiquei um bom tempo sem ter o que ouvir, achando tudo meio chato e igual. Acho que me desiludi. Ia de Nando Reis e Cássia Eller a Skid Row e Aerosmith. Até que tudo isso caiu na mesmice. Aí, vendo notícias sobre Zelaya e Honduras, meio que tive um estalo: fui procurar bandas latinas, previamente desconfiado de sua qualidade.

Felizmente, o que encontrei, após pouco esforço, foram trabalhos ótimos de músicos de que nunca tinha ouvido nem falar, quiçá escutar algo. Em buscas pelo Last Fm, achei primeiro a banda Soda Stereo. Estes argentinos já estão na estrada desde 1982 e têm grande fama em toda a América, com freqüentes aparições na revista Rolling Stone e na MTV daquele país. A banda faz um Rock limpo, na medida certa de peso, com refrões cativantes, solos cheios de swing, letras inteligentes e bem interessantes. Havia parado por divergências musicais entre os membros. Mas em 2007 seus membros se reuniram para fazer uma turnê pela América, em que venderam mais de 1 milhão de entradas, gravaram “Me verás Volver,” e até foram recebidos pela Presidente Cristina Kirchner na Casa Rosada.

Seguindo essa linha, baixei o CD de Gustavo Cerati, o principal compositor do Soda. Suas músicas solo são tão boas quanto às de sua banda anterior. O vocalista/guitarrista faz um rock mais perto do blues, com pequenas orquestrações, partes calmas, atmosféricas e outras mais rápidas. Novamente a qualidade é altíssima, os álbuns “Ahí Vamos”, “+ Bíen” e “Bocanada” realmente surpreendem por suas letras, feeling e pluralidade.

Satisfeito com os resultados até ai, continuei a fuçar a net. Muito bem comentado, cheguei a Fito Páez. Já tinha virado rotina. Músicas muito boas, com astral remetente às ruas e romances argentinos. As letras são verdadeiras poesias embaladas por guitarras e teclados levemente acrescentados, criando uma harmonia bem sensual e suave. Seu disco “O amor después del amor”, de 1992, é o mais vendido da Argentina, com mais de 700 mil cópias. Sua obra é extensa, mas não se resume à musica: Páez também dirigiu três filmes: La balada de dona Helena (1993), Vidas Privadas (2001) e ¿De quién es el portaligas? (2007). Recentemente, esteve em turnê pelo Brasil e fez uma aparição no Programa do Jô.

Agora sigo procurando coisas na América Latina, México, Honduras, Cuba e Costa Rica são meus alvos. Tenho em mente bandas como as mexicanas, Molotov e Café Tacuba, argentinas, Babasónicos, Los Piojos e Bersuit Vergarabat, além do hondurenho, Guillermo Anderson.

Até agora não tive nenhuma decepção, ao contrário, só boas surpresas. Não entendo porque essas bandas não são populares em terras brasileiras, talvez por causa de uma velha, e estúpida rixa, ou mesmo falta de divugação e dificuldade de aceitação da lingua catalã. Fato é que as bandas latinas já têm seu lugar em minha cabeça, daqui para a frente buscarei obter mais informações sobre a tão rica cultura não só de nossos hermanos, como de toda a América Espanhola. O argentino Gabriel Garcia Marquez e o peruano Mario Vargas Llosa certamente não são os únicos literatos excelentes de lá, por hora, os argentinos, Júlio Cortazar e Jorge Luís Borges frequentarão também minha cabeceira.

Importante é abrirmos nossas mentes para a vasta cultura caribenha e latina. Não considerar esses significantes produtos culturais é negligenciar a própria brasilidade e tudo que temos em comum com nossos irmãos de continente.

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